Tenho sentido uma necessidade de expressão muito forte ultimamente. Não sei o motivo de ser tão repentino; só sei que é
e que me transborda.
E que assusta também, por vezes.
É de uma intensidade tão grande que mesmo quando compartilhada, não é suficiente. Ou pior! Mesmo quando compartilhada, sinto-me equivocada ou desequilibrada aos olhos alheios. Como que conter-me fosse menos nocivo à minha realidade social. Mas... não sei, tenho dúvidas. Sim! Tenho muitas dúvidas! Mal sei eu o que questiono! Só sei que ainda restam lacunas vagas, apenas isso. Algumas angústias me vem ao coração e não sei se estão equivocadas, ou o quão efêmeras são. Tenho vontade de aprender mais, de entender o que é, o que é isso que me aperta o peito, o que é esse essência humana que tanto me questiono. Tenho vontade de estudar sobre assuntos específicos pra ver se canalizo esses nós que me dão. As vezes me parece tudo um tanto quanto inútil,
questionamentos inúteis.. que não me levarão a lugar algum, a não ser o da frustração pois, na verdade - um dia irão me dizer - que resposta nenhuma há para tais perguntas.
E poisé, daí surge a minha necessidade de gritar alguma coisa. Pois vivo eu envolta de tantas perguntas que, quando me ardem os sentidos poesias, músicas, novos conhecimentos.. sei lá! Dá vontade de expressar o quão me fazem sentir viva, o quão forte eu os sinto e os valorizo. Vontade de gritar pra ver se o mundo sente também, pra ver se alguém vê a beleza que sinto.
Sabe, eu olho o mundo eu vejo as coisas acontecendo, as pessoas se movimentando por entre tudo o que há aí para elas; relacionamentos, sensações... me pergunto se há certeza, se isso está certo. E, se não, o quão errado está! Me pergunto se seria possível uma realidade distinta, se estamos realmente perdidos em nossos comportamentos, nosso sistema, cultura. Me pergunto se realmente poderia haver melhora, mobilização, ou se a realidade humana é realmente feita pra isso, pra viver num mar de dialéticas e contradições. Pois eu sei que a diversidade é algo belo, eu sei que ela faz parte e, juro, eu amo o fato de ela fazer parte. Mas, whatever, pergunto-me se adianta questionar. A oposição é natural, o conflito, o contraste. O ser humano é feito de conflito! Impossível viver numa realidade que não é o espelho de quem nela vive. Não existe realidade sem que nesta falte as características mais básicas dos seres que a constitui. O que vivemos será sempre fruto do que somos e de como misturam-se nossas essências, de como elas se somam.
Gandhi uma vez disse que não importa o que você faça na vida, tudo será insignificante. O importante é fazer.
Quando eu li isso pela primeira vez, fiquei indignada e resmunguei comigo mesma que era possível sim fazer a diferença e que tudo isso que vivemos hoje é puramente consequência de um conjunto enorme de pessoas que fizeram! Hoje, porém, entendo melhor o que ele quis dizer. Ou melhor: o que eu acho que ele quis dizer! E penso com meus botões que, no fundo, no fim, no final das contas, não adianta mesmo pois, antes de sermos nós mesmos nas nossas essências mais individuais,
somos humanos.
E ser humano vai ser pra sempre a mesma coisa contráditória, o mesmo emaranhado de paixões e vontades. Contradições e conflito. O ser humano, enquanto indivíduo, vai ser para sempre esse ser incrível e que pouco compreende de si, que navega pelo mundo sempre em busca de algo. Uns expressando incompreensões ou visões de mundo através da arte, outros buscando a satisfação de suas metas através de carreias sólidas, que prioritáriamente, gerem dinheiro... e por aí vai. Acho que cada um encontra a sua forma de satisfazer-se no intervalo de existência que nos é concedido. Por outro lado, o ser humano enquanto sociedade, dá rumos diferentes para tais expressões em seu meio, e daí a variância de culturas etc, (e, nesse ponto, continuo achando que faz-se sim diferença com o que se faz da vida) as quais, na verdade e no fundo, por diversas que sejam suas instituições e crenças, a essência mais básica de cada uma delas vai ter sempre um ponto de congruência. Pois o ser vai sempre buscar um lugar pra evadir-se, encontrar-se. Para buscar uma grandeza maior que si, algo que dê rumo ao seu destino. E se isso for um deus, uma religão, se isso for ficar cego por tal; uma arte, um outro alguém, alguma poesia.... pode ser simplesmente a busca pelas coisas que o dinheiro proporciona, sei lá,
são apenas formas diferentes para uma mesma necessidade de dar sentido à existência.
E com toda sinceridade que eu consigo me permitir... minha insatisfação advém da consciência de que isso nunca vai conseguir ser pleno e que vai ter sempre alguém querendo satisfazer-se atropelando a paixão, a individualidade e a vontade alheia. Queria conseguir compreender e proporcionar que cada um conseguisse fazer da sua existência algo dígno, seja lá como isso for, e desde que preserve um bem maior... eu só queria que todo mundo tivesse espaço pra isso, pra expressão e pra conseguir tangir uma tantinho de felicidade. Mas não sei... contradições, dialéticas... isso tudo é muito complicado e intangível, é muito maior que eu e que qualquer outra coisa... a simplicidade é o melhor caminho, no fim
tem que ter tranquilidade pra não pirar.. é por isso que eu gosto tanto... e é por isso que, no fim das contas, sempre me acalma a alma uma certeza que eu não faço força pra ter, nem para praticar... e que eu consegui traduzir em algumas palavras tempos atrás:
Deixo ir, deixo o vento levar as situações que limitam minha serenidade
eu não tou ficando louca.. tou?