quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Visceral como deve ser

Sinto falta das vísceras. É... Admito. Eu sinto falta da profundidade. Me contentei com a leveza e o descompromisso com que venho encarando a vida nesses ultimos tempos, achando gostosa a minha despreocupação com as coisas em geral. Vivendo num momento em que, mesmo sem saber se sou eu quem mudou ou se é minh'alma que não tá tão envolvida assim, me sinto leve e simplesmente vou. Deixando a coisa fluir e fui fluindo junto com ela. Até que me veio o ócio e me botou contra a parede. Até me apareceu o ócio, corrosivo e enloquecerdor, e me abandonou horas a fio a reperceber o vazio. Aquele grande e silencioso vazio que me habita há semanas, meses, e que vai ecoando em meus pensamentos que agora, no silêncio, ficam mais evidentes.

Foi aí que me dei conta das minhas saudades. Dei-me conta do tanto que me distanciei de mim mesma e de minhas paixões. Eu quero ir, sim! Eu quero! Quero fluir junto com a ordem natural das coisas.. mas quero ir cavando ao mesmo tempo, quero ultrapassar o limbo da vivência! Não simplesmente tocar, e sim apertar e descabelar; quero gritar e dançar e abraçar bem forte; segurar na borda da saia e rodar num samba cuja cadência vai impregnar o coração e minha pulsação vai ritmar com meus pés o batuque de coisa qualquer. Por sujas que sejam as vísceras, eu as desejo. Sim, assim mesmo, humanas e reais e intensas.

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