sexta-feira, 26 de novembro de 2010


     Acho que pela primeira vez depois de tempos eu senti uma certeza verdadeira de completude, ou qualquer coisa assim parecida, assim perto. Enquanto esperava, vi dois caras saindo da lojinha, um deles com um engradado de cerveja na mão e o outro com cigarros e vodka na outra. Ambos com cara de Hoje-É-Sexta-Feira-E-Ficaremos-Muito-Bêbados, fumaremos muito e transaremos-muito-loucos-Se-Deus-Quiser. Lembrei das minhas noites em que eu saía pra preencher meu vazio com doses etílicas de sabeláoque, sabeláaonde e trocando saliva com sabeláquem. Mulheres, principalmente, diga-se de passagem. O motivo das mulheres é simples: prefiro o macio dos seios. Prefiro a energia feminina, por vezes suave, por vezes nem tanto, mas sempre muito bela; nunca fui muito chegada nessas coisa de compartilhar o que quer que seja com homens que, em cinco minutos de beijo, já estão comprimindo o pênis contra você, doidos pra enfiá-lo em qualquer buraco na primeira oportunidade (ok, isso é uma generalização um tanto quanto maldosa, mas, sinceramente, dos poucos caras sortidos que eu tive o desprazer de beijar sem conhecer, a experiência não foi diferente.)

     Sabe, o negócio é que a solidão daquelas noites ficava sempre evidente a cada manhã. Na memória, no peito, alguma coisa assim vasta, assim vazia, doía o estômago e era indiferente à alma. Assim, eu ia bem, na verdade, continuava com essa minha tranquilidade que me parece bastante surreal as vezes, sabe? Apesar de tudo, apesar de nada. A vida tem dessas coisas, dessas fases e momentos, o negócio é se virar com serenidade e, modéstia a parte, sou profissional nisso. Só que agora, sabe, nesse dia, nesses meses em que pude te ver e conhecer, resistir, não saber, me jogar, temer e abraçar, com cautela, gradativamente, tão doce e estranho que quase me deixou escapulir algumas vezes, mas que sempre, e de alguma forma, me manteve ali... Isso tudo, esse agora. Um agora em que vejo um alguém através do vidro molhado do carro que me faz sentir bem apenas pela pequena perspectiva de que em questão de segundos vou vê-lo andando na minha direção, entrando no carro e me dando um olhar, um beijo, uma mão, qualquer coisa, qualquer contato que me baste os sentidos. Os quais, confesso, me bastam pela simples a própria perspectiva. Um agora em que os dias passam e estou contigo, onde eu gosto de estar. Num agora em que a chuva cai e, mesmo numa ocasião tão banal, te sinto em mim com uma força que há tempos não fazia. Me arde algo nessas coisas que dizem ser a nossa alma, nosso coração, sei lá!, sei que, vivose - e eles assim pulsavam -, vêm me dizer que amam amar alguém de novo e assim.
E eu, 
junto com esse emaranhado que mora dentro de mim, 
reafirmo que amo a forma como a vida me trouxe num ponto em que esse alguém é você.

(ou, diga-se de passagem, amo como de algum lugar você tirou e criou forças 
para entrar e continuar por perto.)

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