sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Harpa Mágica, O Poeta, A Cigana e As paixões e Desilusões No Mundo Mágico do Lugar-Comum

(Parte III - A Harpa Mágica e a Cigana)
...
Um belo dia, chega na cidade, vindo dos gélidos montes francos - porém, de origem das terras paralelas ao equador, onde os pássaros tem penas com mais de mil cores e os peixinhos, escamas mais reluzentes que diamantes. Onde os povos dão as mãos e dançam danças sagradas durante dias em rituais culturais, religiosos, espirituais e artísticos em celebração e homenagem à Gaya - uma trupe de ciganos dotados das mais argilosas sabedorias e mais sábias artes-e-manhas. Trouxeram, alarmando o povoado e enfeitiçando o poeta,  uma harpa mágica que, segundo a lenda, tornava qualquer ser vivo em um exímio instrumentista, mais virtuose que todos os solistas de todas as osquestras de todos os reinos, e, com sua arte, poderia conquistar qualquer criatura do universo. Como se já não bastasse, em meio aos lenços e cores e malabares que aquela incrível trupe continha, o jovem artista avistou a mais bela criatura que já perpassou pelos seus olhos tão vividos. Uma linda cigana de grandes olhos negros; um par de brincos com pedras da cor do arco-íris pendia de suas orelhas que ficavam um tanto quanto escondidas por detrás das volumosas, longas e negras madeixas, As quais dançavam e brincavam ao redor da moça enquanto ela fazia movimentos suaves que ritmavam com a cadência da bela música que exalava da harpa mágica. A cigana brincava com os pés, brincava de segurar na borda da longa saia, de rodar e sorrir e era sim, era uma aparição aos olhos do nosso artista. Era poesia em movimento, personificada.

...

Born a poor young country boy--Mother Nature's son
All day long I'm sitting singing songs for everyone.

Sit beside a mountain stream--see her waters rise
Listen to the pretty sound of music as she flies.

Find me in my field of grass--Mother Nature's son
Swaying daises sing a lazy song beneath the sun.

...

O jovem não hesitara e, como quem tira o próprio filho de um celeiro em chamas, comprou caro a harpa dos ciganos com intuito de realizar-se o músico que sempre quis e conquistar a bela cigana. Durante dias e noites, incansável, o poeta tocou sua harpa. Para os reis, para os bichos, para os deuses e para sua amada, tocou como ninguém jamais vira, com um amor e dedicação que músico algum jamais tocara. Contudo, o tempo passava cada vez mais ligeiro e, sem que ele percebesse, mesmo já havendo conquistado sua amada de corpo e alma, nada mais tinha a sua atenção. Se obcecara pela sua harpa e definhava cada dia mais na solidão da sua música. 

Um comentário: