quarta-feira, 4 de agosto de 2010

escancarado

Eu sei quando ela aparece aqui em casa. Eu sei pois ela deixa rastros de si que condizem bem com a própria natureza. Ela é escandalosa, histérica, e assim acaba por deixar tudo quanto é luz acesa; fica tudo escancarado, aberto, as portas, as janelas... bem como aquele par de pernas tanto o faz em minha presença, bem como aquela boca que não cala.
Ela vem, me abre  o coração e depois abandona-me deixando pra trás tudo quanto é buraco, tudo quanto é vazio... Eu, após a sua partida, escancarado e exposto a uma natureza que não é minha, mas que já me impregnou o gingado, deixo tudo aberto à espera de que ela volte, nos tranque e nos isole do mundo de novo. Eu queria ser ela. Ou melhor, queria ser dela. Ou, melhor ainda!, queria que ela me olhasse com aqueles olhos que me ferem as entranhas e dissesse, dentre toda aquela ladainha que costuma sair por entre aquele pelo par de lábios: eu sou tua.

Um comentário:

  1. Passo só uns dias sem aparecer e quando venho tenho surpresas.
    incrível a identificação dos teus textos com meus pensamentos!

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