domingo, 15 de agosto de 2010

Loucura III

Precisa-se de noites eternas e banhos infindos. Foi a nota mental que me ocorreu enquanto eu tomava um puta dum banho depois de um dia daqueles. Porém, segundos depois, ocorreu-me o seguinte:

Que seria de mim se, de repente, tal madrugada nunca mais acabasse? Que seria de mim se meu relógio simplesmente parasse? E os banhos? E se eu ficasse presa em um? Vezenquando nos prendemos e apegamos a certos momentos que, se nos fosse dada a escolha de os vivermos para sempre, pensamos nós que os viveríamos. Mas isso é auto engano.
Se nos fosse concebida tal escolha no plano tempo/espaço/infinito, teríamos medo do limbo da eternidade e optaríamos pela temporalidade natural da vida. Por isso penso que, bem no fundo, estamos todos razoavelmente satisfeitos com essa ordem. Os que não se encaixam, ou arranjam modos alternativos de vivê-la, ou mergulham na própria noção temporal em realidades inventadas ou distorcidas, mescladas; e tais que submergem no  próprio subjetivismo, paralelos, alheios, são julgados como loucos pelos mais conformados.
Mas isso são outros quinhentos.








(a loucura é uma determinação sócio-cultural um tanto quanto injusta. Assusta, eu sei. Mas vai saber quem realmente são os loucos. Vai saber se é mais real estar acordado do que sonhando.. vai saber.)

Um comentário:

  1. muitas vezes me pego sendo eu naquilo que você escreve, também... e sabe-se lá se é só touroescorpião, mas a gente compartilha mesmo, literalmente, algumas coisas... ( entendeu o literalemnte? hã hã? hahahahah parei )

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