sábado, 17 de setembro de 2011

por leveza, por ausência, por nada. nadinha.

Olá,
hoje escrevo por não ter nada a dizer. Hoje me inspiro pela ausência de criatividade e minhas ideias expiram no primeiro revirar de olhos. E meus olhos reviram freneticamente à procura silenciosa dum vazio sinistro 
e meu coração desconstrói a si 
por leveza.

Todo multifacetado, meu coração já desaguado inteiro em sangue
já pulsando em tudo quanto artéria
desata a reconstuir-se na cadência duma ventania que promete chuva,
e lá longe esquecidos, meus fones de ouvido tocam sozinhos
e daqui de longe vendo soltas as notas jorrarem, conhecidas
avivo o olhar e a pulsação como que em notas tais quisesse dançar
e nelas 
inebrio.

E digo pros meus ouvidos aquietarem e deixarem a música desgrudar deles;
eles não querem e dizem
caso pare de soar para dentro de nós,
volta.
E um amigo diz
leva a música na alma
e eu digo que acho graça,
feito simplesmente lúdica,
mas minha boca insiste e esboça um sorriso
meio sorriso feito orgulho de ser,
pois ela bem sabe, pois a alma quando quis sair pela boca
agarrou e levou corpo adentro aqueles acordes, que dos ouvidos não queriam sair,
feito fosse um pedaço perdido de si.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Acontece que essa tal felicidade eu já nem sei

Acontece QUE
Meus sentidos já não me cabem hoje! Não mais... e espero que nem nunca mais...
Ou espero que algum dia, ainda possam.
Ou talvez, pensando bem.. não.
De qualquer forma, espero ao menos, amanhã, poder dizer
'... e não ainda me cabem! Não me cabem, tais sentindos, ainda e não mais!
Pois desde ontem é que eles me enlouquecem numa intensidade humanamente sem fim.'

Pois o encontro me apaixona a toda vez que acontece
e me arde toda vez que se mostra volátil.. tão volátil quanto tudo;
Tão efêmero quanto nada do que eu queria.
Tão palpavelmente real quanto nada deveria ser
mas como tudo o é.
Ou, ao menos, me mostra.

Refém de nossas criações, é isso que somos.

ACONTECE QUE
você vai se perder nessa coisa que você pensa ser
e nessa ideia de felicidade que você pensa viver.
Acontece que você se dará conta que era tão precioso e tão diferente em um encontro,
e você verá que nenhum encontro é igual e que existem pessoas raras, todos nós, aliás.
Mas existem pessoas numa combinação tão peculiar de aspectos
e característica e gostos, e existem combinações tais tão incomuns...
E um encontro bonito como aquele,  também raro em toda sua completude...
não deveria, mas foi
desperdiçado a preço de Escolha.


Acontece que o alcance é relativo e ele se dá por etapas tão interligadas umas as outras
que é impossível premeditar por completo coisa qualquer.
É natural, ação e reação;
já não nos cabe, é muito maior que eu e você,
é muito maior do que a realidade em si, pois ela mesma se reinventa
e perde as rédeas de si mesma;
cria vida, pois é constituída de milhares. 
Bem como aconteceu durante anos até desaguar nos tempos atuais,
exatamente como acontece nesse exato momento até que desaguará nos momentos futuros;
Os tempos passam e as histórias feitas por grandes ou medianos homens,
desatam a acontecer e a fugir do controle.

Até que desaguará na nossa própria decepção a menos que nos demos conta
das ilusões que estamos fazendo uso pra criar as coisas todas como são...
ou continuam sendo...
Bem como dos olhos que fazemos uso pra ver,
bem como dos filtros das representatividades que fazemos uso pra sentir.
Bem como o questionamento se torna vão, pois a cultura e os conceitos já estão tão impregnados
que ou renuncio ao encontro,
ou me adapto.

Acontece que o entendimento parece tão intangível diante das coisas tão aparentemente imutáveis
que nos perdemos nessa sede de ser tudo o que aparentemente devemos...

E nos perdemos nas saudades
pois desaprendemos a entender e abraçar o que existe por dentro. O que é real mas se torna invisível.
A verdadeira sede, o verdadeiro almejar...
Me esqueci o que desejo... é o que me dizem que devo desejar,
ou no fundo eu poderia realmente reinventar minhas formas de querer?
E nos parece que abraçar as possibilidades infinitas que o mundo nos apresenta
é sinônimo de juventude, liberdade, experiência e alegria.
Enquanto esquecemos das essências imutáveis que sobrevivem ao caos das criações contemporâneas, modernas
atemporais e seculares....

Eu só queria sumir do mundo de novo no escuro do seu quarto
e no calor daquilo tudo que traduzia o afeto.

Na saudade do amor
e não seria o amor o que restou de mais sublime? 
esse algo que incessantemente se faz necessário?
Porque é que foges, então? Do que é que foges, afinal?
não percebe que as relações se tornaram o caos que são diante dos tantos conceitos sobre tais?
Diante dos sensos comuns, das restrições às quais estão sujeitas? 
Nas quais nos embriagamos e confundimos
e forjamos sofrimento por uma dor que mal compreendemos?
Que forjamos pequenez diante do que realmente nos apetece?

nós é que atribuimos valores às coisas todas, e só.
Talvez meu desejo mais puro, agora,
seja esse que forjo subversivo a tudo que vejo
(e não seria isso estar vivendo, ainda assim, as coisas ainda impostas?)
Eu quero atribuir meus valores, e não lidar com os previamente postos...
e talvez aí eu encontre, mesmo que longe dos monges, essa tal completude, essa tal felicidade.


Ou não.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pra ter, pra ser de novo.


 Eu tão Bento, ela tão. Ela Capitu. Capitolina, menina, dos olhos negros feito jaboticaba olhos de vertigem, talvez ressaca.

Queria desenhá-la, descrevê-la em versos, em notas musicais, não sei. É verdade, queria alcançar a poesia que ela merece e traduzir toda cor que vejo, a cor nela e das palavras que ela fala. Gosto de ouvi-la falar e me sinto menino tão Bento perto dela quando ela diz. Por outro lado, tão Casmurro quando ela vai embora, e quando a minha meninice de Bentinho me rouba as minhas próprias palavras quando quero e tento dizer algo para que ela não vá e não consigo e ela vai mesmo assim. Ou quando a palavra amor vem à garganta e eu tão Casmurro contido tento sufocá-la pra ver se ao menos uma partezinha de mim continua intacta, protegida, longe dessa mulher que me apaixona os sentidos e me rouba o fôlego e o olhar.
 Como que conter a palavra Amor ou a frase Eu Te Amo fosse ainda me resguardar de um amor que eu já tanto sinto mas que o fato de ela não saber assim tão profundo  fosse me proteger de alguma dor futura e como se eu precisasse me sentir protegido e inteiro diante dessa mulher que me avassala pois se um dia ela se for eu vou enlouquecer, sei lá, eu não sei o que vai ser de nós, coração, juro que não sei pois juro que tanto procurei e só agora encontrei alguém tão mulher, tão poesia e tão diferente de tudo e todos e juro que não há nada no mundo que roubar-me-á o fôlego como a minha Capitu o faz, ah, tolo, coração, 

tola língua que esconde a palavra amor

mesmo eu  sabendo que caso um dia ela se vá justamente por não saber desse meu amor que tanto temo externar,
 vou enlouquecer de fato
e tornar-me-ei casmurro de vez.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

mais uma vez,


É que hoje eu sou um homem apaixonado e essa música me faz mais sentido.
Hoje, apaixonado, ouvindo uma música que me soa completamente real.
É preciso desculpar-me pois irei escutá-la até que me faça sentir algo diferente de novo. 
Alguma completude perto da que Ela me preenche,  Ela, minha menina, não a música.

Hoje, apaixonado. Homem, não um cara qualquer ou menino apenas. Homem ! Sim, homem como Bentinho pré Casmurro proclamou aos quatro ventos após ser beijado por Capitu pela primeira vez. Homem de verdade. Algo com um sentido diferente também pois não me faz sentir mais másculo, como alguns dizem, mais viril eu só me sinto mais... mais humano. É meio tolo dizer, eu sei, pois quando digo aqui desse jeito, sozinho, me sinto bastante estúpido mas, no fundo, nada posso fazer, afinal, é tudo o que sinto. E é tão sincero e imenso.... E quando escuto essa música e ela me soa real e me sinto homem e tento encontrá-La e entender por que Ela, e tento escrever pra ver se entendo melhor o por que Dela, de ser Ela , de eu ser Dela, ou disso que me chamam de coração, me parecer pertencer somente a Ela. Ah, coração, me diz, me conforta... ou eu é quem deveria te confortar? Tá precisando dalguma coisa? É, eu também. Também não sei, também sinto vertigem,

E a vejo, a vejo lá no fundo desse poço que me causa vertigem.

Imagina uma cena assim de um filme bem bonito. Bem Capitu. Com essa música de fundo, a câmera cambaleando entre o olhar dela, os olhos. Primeiro os olhos. E ela pisca, e olha bem fundo na câmera e no olho de quem vê o filme, e encanta. Um olhar que não apenas olha, mas encanta e causa vertigem. Daí algumas luzes, coloridas, indiretas, uma persiana. A luz que entra e faz caminho brilhante nas partículas de poeira que mais parecem estrelas num universo que se faz dourado. Pontinhos minúsculos dourados com a persiana que filtra a luz num azul periódico que faz fronteira com o dourado... E os olhos dela novamente. Alguém gira, alguém a pega e segura pela cintura e joga ela nalguma superfície macia, um lençol de chita, de retalhos, e ela dança, com as mãos, ela está semi-nua. E mais alguns sorrisos.. E as luzes confundem novamente, e os lenços que a envolvem, já mencionei os lenços? Como Afrodite, a deusa do amor, da beleza, e esses lenços dançam junto com ela e a envolvem e a suavizam... ou seria ela quem os suaviza? Sei que eles se confudem com as luzes e as luzes confundem os olhos de quem vê,


Isso. Isso assim mesmo. Com a música bonita e as imagens cores confundidas provocando sinestesias e conforto. Eu sinto. Consigo ver os lábios dela sorrindo, os lábios chamando, os lábios e os olhos e a vertigem e a forma como tudo me chama e a música e eu homem, hoje, entorpecido diante dela tão mulher e eu tão menino.  Eu tão Bento, ela tão. Ela Capitu. Capitolina, menina, dos olhos negros feito jaboticaba olhos de vertigem, talvez ressaca.

Queria desenhá-la, descrevê-la em versos, em notas musicais, não sei. É verdade, queria alcançar a poesia que ela merece e traduzir toda cor que vejo, a cor nela e das palavras que ela fala. Gosto de ouvi-la falar e me sinto menino tão Bento perto dela quando ela diz. Por outro lado, tão Casmurro quando ela vai embora, e quando a minha meninice de Bentinho me rouba as minhas próprias palavras quando quero e tento dizer algo para que ela não vá e não consigo e ela vai mesmo assim. Ou quando a palavra amor vem à garganta e eu tão Casmurro contido tento sufocá-la pra ver se ao menos uma partezinha de mim continua intacta, protegida, longe dessa mulher que me apaixona os sentidos e me rouba o fôlego e o olhar.
 Como que conter a palavra Amor ou a frase Eu Te Amo fosse ainda me resguardar de um amor que eu já tanto sinto mas que o fato de ela não saber assim tão profundo  fosse me proteger de alguma dor futura e como se eu precisasse me sentir protegido e inteiro diante dessa mulher que me avassala pois se um dia ela se for eu vou enlouquecer, sei lá, eu não sei o que vai ser de nós, coração, juro que não sei pois juro que tanto procurei e só agora encontrei alguém tão mulher, tão poesia e tão diferente de tudo e todos e juro que não há nada no mundo que roubar-me-á o fôlego como a minha Capitu o faz, ah, tolo, coração, 

tola língua que esconde a palavra amor

mesmo eu  sabendo que caso um dia ela se vá justamente por não saber desse meu amor que tanto temo externar,
 vou enlouquecer de fato
e tornar-me-ei casmurro de vez.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

término

É uma pena, rapaz. Isso tudo é uma pena tremenda.
E essas frases prepostas são apenas uma síntese do que me preenche quando penso em você.

A gente se perdeu, boy. A gente perdeu algo precioso de nós ao longo do caminho. Pensando em tempos passados, parece mais que vi em alguma tela de cinema, vi de longe ou só idealizei o que vivi naquelas noites no telhado tão cinematograficamente reais. Até parece que o céu não se punha sobre as nossas cabeças, nem a lua, clara, iluminava-nos sutilmente o epitélio. Não parece nem mesmo que a cidade transcorria até o horizonte desenhada em pontos luminosos se fazia real diante dos meu olhos, parecia mais sonho... como que não fosse eu vivendo os primórdios das coisas todas. As premilinares do caos que nos tornamos. E pudera eu fazer delas as nossas maiores vivências, lembranças, sei não... Mas puderas eu, deveras, fazê-las mais reais do que as memórias todas que me ocupam os pensamentos. Pois tais resumem-se às recentes, caos e dor. 

'isso e ócio'

Convencer-me do contrário? 
Nem você poderia.
Aliás, duvido que palavra alguma de salvação, saudade ou partida possa romper essa membrana na qual você se esconde.
Súplica, perdão? 
Talvez.
Ou não.
Passionais, por mim, esvaziam-se diretamente ao papel essas palavras - as quais, um e outros tantos dias, dirigira-as a ti na esperança de qualquer coisa -, maculadas pelas ilusões todas e tamanhas do ego, e corrompidas pela natureza humana do mesmo.

Tendenciosas percepções.


Tais minhas, tais tuas. Incontáveis vezes, delas fizemos uso para proclamar a carência interna de coisas quaisquer. Insaciáveis em nós nos tornamos e insistíamos em buscar um no outro o preencher das lacunas.
Problema: não estavam vazias, mas deterioradas, corroídas. E talvez fosse desespero por demais assumir humildemente a podridão interna e, sendo assim, proclamar consciente e, coração adentro, a percepção da podridão tal;
assim, calávamos a autopercepção maquiada em sentimentos de cobranças. Nos sentíamos vazios e culpávamos um ao outro. Justificávamos que isso se dava devido a esvaziamentos mútuos, um ao outro através de intermináveis cobranças ... Nhaca, balela

Eu desesperava por tentar arrancar-lhe algo, 
expressão reconhecimento
enlouquecia ao te ver bloqueado, ainda assim
imerso, ainda tanto
Estagnado a ponto de que, no fim, por imensa tristeza sem já não conseguir esconder no semblante o sentimento, tapava os olhos inchados de dor com as mãos, tais na função de fronteira última da sua expressão e entrega. 

Lá a gente se despedia
e você ainda ausente, se escondia.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

desabafo de segunda


uma imagem de três homens maltratando um gato se fez real, de repente. a internet tem dessas coisas. o gato tá indiferentemente pendurado por uma corda que lhe enlaça o pescoço. tiraram toda a pele dele. e riem. sorrisos orgulhosos, sinistros e isentos para a pose. os membros ainda colados ao couro, as patas coladas ao que ainda lhe resta de pele, e talvez uma vontade de viver ainda agarra-se, isso se é que ainda se encontra vivo, ao que lhe resta de carne e vísceras. enlace tal que forma um círculo irregular onde um dos homens se posiciona estratégicamente para sair no retrato. é de dar dó. não só do gato, mas de todos. dos homens, do motivo obscuro. por quê? falta do que fazer, sangue frio. às vezes a realidade para eles é dura demais para que a simples vida de um gatinho lhes faça diferença. vai saber. me entorpece pensar em como nos perdemos nesse caótico labirinto contemporâneo calejados por demais para sentir qualquer coisa. compaixão?

de repente, uma criança começa a chorar debaixo da minha janela. desconheço o motivo, sei que desatina a chorar e dizer que dói, algo dói, dói muito e não sei se é a mãe impaciente que lhe agarra as orelhas, ou se é algum machucado recente que arde na superfície da pele. chora chora e me entorpece ainda mais a imagem do gato, o pranto da criança; dá uma ãnsia lá no fundo, vontade de chorar, dá um medo. insegurança. mas não é isso. não é bem isso. Não choro. O buraco é mais embaixo, penso, só não sei bem aonde, nem sua origem, sei que é. Sei bem o que me aflinge, apenas não identifico ao certo a natureza da minha reação; perplexidade descreveria bem, mas é mais. Toca Rosa de plano de fundo. música das belas. composição recente duma parceria dessas que só poderia dar certo - a meu ver, pelo menos . sei que ela contribui para esse estado em que me encontro. é música dessas que faça sol ou faça chuva, tempestade ou calmaria, te bota em estado de contemplação e cabe em qualquer sentimento gostoso, epifania ou tristeza. volto ao gato. o pranto infantil já cessou e não me cabem mais sensações tamanhas, por isso escrevo. já que não me tangencia cessar dor de gato algum, humanizar alma nenhuma... faz frio
e me entorpeço
e continuo a não entender

sinto uma ligeira descrença como quem não consegue tangenciar nada que anseia...

domingo, 24 de abril de 2011

uma porta pensamento

Era dia claro. Andava na rua feito o sol me causasse alergia. O céu que via agora nem parecia aquele que tempos antes de o sol se pôr no dia anterior, era de temporal e nuvens grotescas. O dia claro do qual falava e pelo qual andava na rua, fazia nele um céu azul azulzinho como há tempos não o era, como que o azul e a ausência de nuvens monstruosas e negreas rissem, agora, de nós.


No meio do caminho, em meio a um pensamento, interrompendo-o, havia uma porta. Armação de ferro, o resto de vidro. Vitrais; branco, azul, verde, rosa, tudo bem colorido, translúcido, porém, fosco, à medida que não se via concretamente o que havia do outro lado. Que dava para um outro lado dava. A questão era que tanta luz passava, tanta mas tanta, que tive a impressão de que a porta não levava ao interior de coisa alguma; era uma epifania que levava a si mesma, uma porta que levava para onde ela mesma se abria. Um pensamento confuso que à luz revelava, conclusão repentina, resposta encoberta pela própria pergunta.