quinta-feira, 16 de junho de 2011

mais uma vez,


É que hoje eu sou um homem apaixonado e essa música me faz mais sentido.
Hoje, apaixonado, ouvindo uma música que me soa completamente real.
É preciso desculpar-me pois irei escutá-la até que me faça sentir algo diferente de novo. 
Alguma completude perto da que Ela me preenche,  Ela, minha menina, não a música.

Hoje, apaixonado. Homem, não um cara qualquer ou menino apenas. Homem ! Sim, homem como Bentinho pré Casmurro proclamou aos quatro ventos após ser beijado por Capitu pela primeira vez. Homem de verdade. Algo com um sentido diferente também pois não me faz sentir mais másculo, como alguns dizem, mais viril eu só me sinto mais... mais humano. É meio tolo dizer, eu sei, pois quando digo aqui desse jeito, sozinho, me sinto bastante estúpido mas, no fundo, nada posso fazer, afinal, é tudo o que sinto. E é tão sincero e imenso.... E quando escuto essa música e ela me soa real e me sinto homem e tento encontrá-La e entender por que Ela, e tento escrever pra ver se entendo melhor o por que Dela, de ser Ela , de eu ser Dela, ou disso que me chamam de coração, me parecer pertencer somente a Ela. Ah, coração, me diz, me conforta... ou eu é quem deveria te confortar? Tá precisando dalguma coisa? É, eu também. Também não sei, também sinto vertigem,

E a vejo, a vejo lá no fundo desse poço que me causa vertigem.

Imagina uma cena assim de um filme bem bonito. Bem Capitu. Com essa música de fundo, a câmera cambaleando entre o olhar dela, os olhos. Primeiro os olhos. E ela pisca, e olha bem fundo na câmera e no olho de quem vê o filme, e encanta. Um olhar que não apenas olha, mas encanta e causa vertigem. Daí algumas luzes, coloridas, indiretas, uma persiana. A luz que entra e faz caminho brilhante nas partículas de poeira que mais parecem estrelas num universo que se faz dourado. Pontinhos minúsculos dourados com a persiana que filtra a luz num azul periódico que faz fronteira com o dourado... E os olhos dela novamente. Alguém gira, alguém a pega e segura pela cintura e joga ela nalguma superfície macia, um lençol de chita, de retalhos, e ela dança, com as mãos, ela está semi-nua. E mais alguns sorrisos.. E as luzes confundem novamente, e os lenços que a envolvem, já mencionei os lenços? Como Afrodite, a deusa do amor, da beleza, e esses lenços dançam junto com ela e a envolvem e a suavizam... ou seria ela quem os suaviza? Sei que eles se confudem com as luzes e as luzes confundem os olhos de quem vê,


Isso. Isso assim mesmo. Com a música bonita e as imagens cores confundidas provocando sinestesias e conforto. Eu sinto. Consigo ver os lábios dela sorrindo, os lábios chamando, os lábios e os olhos e a vertigem e a forma como tudo me chama e a música e eu homem, hoje, entorpecido diante dela tão mulher e eu tão menino.  Eu tão Bento, ela tão. Ela Capitu. Capitolina, menina, dos olhos negros feito jaboticaba olhos de vertigem, talvez ressaca.

Queria desenhá-la, descrevê-la em versos, em notas musicais, não sei. É verdade, queria alcançar a poesia que ela merece e traduzir toda cor que vejo, a cor nela e das palavras que ela fala. Gosto de ouvi-la falar e me sinto menino tão Bento perto dela quando ela diz. Por outro lado, tão Casmurro quando ela vai embora, e quando a minha meninice de Bentinho me rouba as minhas próprias palavras quando quero e tento dizer algo para que ela não vá e não consigo e ela vai mesmo assim. Ou quando a palavra amor vem à garganta e eu tão Casmurro contido tento sufocá-la pra ver se ao menos uma partezinha de mim continua intacta, protegida, longe dessa mulher que me apaixona os sentidos e me rouba o fôlego e o olhar.
 Como que conter a palavra Amor ou a frase Eu Te Amo fosse ainda me resguardar de um amor que eu já tanto sinto mas que o fato de ela não saber assim tão profundo  fosse me proteger de alguma dor futura e como se eu precisasse me sentir protegido e inteiro diante dessa mulher que me avassala pois se um dia ela se for eu vou enlouquecer, sei lá, eu não sei o que vai ser de nós, coração, juro que não sei pois juro que tanto procurei e só agora encontrei alguém tão mulher, tão poesia e tão diferente de tudo e todos e juro que não há nada no mundo que roubar-me-á o fôlego como a minha Capitu o faz, ah, tolo, coração, 

tola língua que esconde a palavra amor

mesmo eu  sabendo que caso um dia ela se vá justamente por não saber desse meu amor que tanto temo externar,
 vou enlouquecer de fato
e tornar-me-ei casmurro de vez.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

término

É uma pena, rapaz. Isso tudo é uma pena tremenda.
E essas frases prepostas são apenas uma síntese do que me preenche quando penso em você.

A gente se perdeu, boy. A gente perdeu algo precioso de nós ao longo do caminho. Pensando em tempos passados, parece mais que vi em alguma tela de cinema, vi de longe ou só idealizei o que vivi naquelas noites no telhado tão cinematograficamente reais. Até parece que o céu não se punha sobre as nossas cabeças, nem a lua, clara, iluminava-nos sutilmente o epitélio. Não parece nem mesmo que a cidade transcorria até o horizonte desenhada em pontos luminosos se fazia real diante dos meu olhos, parecia mais sonho... como que não fosse eu vivendo os primórdios das coisas todas. As premilinares do caos que nos tornamos. E pudera eu fazer delas as nossas maiores vivências, lembranças, sei não... Mas puderas eu, deveras, fazê-las mais reais do que as memórias todas que me ocupam os pensamentos. Pois tais resumem-se às recentes, caos e dor. 

'isso e ócio'

Convencer-me do contrário? 
Nem você poderia.
Aliás, duvido que palavra alguma de salvação, saudade ou partida possa romper essa membrana na qual você se esconde.
Súplica, perdão? 
Talvez.
Ou não.
Passionais, por mim, esvaziam-se diretamente ao papel essas palavras - as quais, um e outros tantos dias, dirigira-as a ti na esperança de qualquer coisa -, maculadas pelas ilusões todas e tamanhas do ego, e corrompidas pela natureza humana do mesmo.

Tendenciosas percepções.


Tais minhas, tais tuas. Incontáveis vezes, delas fizemos uso para proclamar a carência interna de coisas quaisquer. Insaciáveis em nós nos tornamos e insistíamos em buscar um no outro o preencher das lacunas.
Problema: não estavam vazias, mas deterioradas, corroídas. E talvez fosse desespero por demais assumir humildemente a podridão interna e, sendo assim, proclamar consciente e, coração adentro, a percepção da podridão tal;
assim, calávamos a autopercepção maquiada em sentimentos de cobranças. Nos sentíamos vazios e culpávamos um ao outro. Justificávamos que isso se dava devido a esvaziamentos mútuos, um ao outro através de intermináveis cobranças ... Nhaca, balela

Eu desesperava por tentar arrancar-lhe algo, 
expressão reconhecimento
enlouquecia ao te ver bloqueado, ainda assim
imerso, ainda tanto
Estagnado a ponto de que, no fim, por imensa tristeza sem já não conseguir esconder no semblante o sentimento, tapava os olhos inchados de dor com as mãos, tais na função de fronteira última da sua expressão e entrega. 

Lá a gente se despedia
e você ainda ausente, se escondia.