segunda-feira, 30 de novembro de 2009

dos meus anseios passionais

Descobri que amo-te mais do que devia. 

Te procuro e te espero todo o tempo. Te espero não só em presença física, mas em palavras, vozes, toques, mensagens, olhares e inusitados. Te espero amando e querendo. Espero teu sorriso, tuas brincadeiras e teu amor deveras. Tua expressão, tua mão apertando-me contra teu corpo... Seus lábios nos meus num golpe surpresa. E tua alma, de olhos fechados, pertencente à minha. Quero, e não só espero, tua respiração ofegante, teu cheiro humano invadindo-me e consumindo-me por completo. Espero-te quando chego em casa depois de um dia daqueles, numa aparição surpresa acompanhada de flores. Espero tuas poesias e canções que cantem nosso amor. Espero frustrada e esperançosamente sua mesma paixão de como quando nos conhecemos.

(Talvez tenhamos nos acomodado um ao outro. Acostumamo-nos a esse amor compartilhado. Cúmplices de um único sentimento multifacetado por milhares de interpretações subjetivas, nossas. Meu corpo deitado ao lado do teu já não te causa o mesmo frio na barriga. Minha chegada já não te acelera o coração como antes. Ou então nos amamos muito, mas amamos diferente. Amo-te como alguém que viveria de você. Ama-me como ser humano à procura de satisfação, apenas.)

Assim, em meio à tanta espera e tantos quereres, estou ciente da frustração que tal condição me proporciona. As formas Sincera, Espontânea e Intensa com as quais desejo teus gestos não passam de expectativas. Surpreenda-me!, penso. Cometa qualquer loucura por mim!, fantasio. Em vão os faço, e à troca de nada, vos reclamo. Percebi que não é em conversas, brigas, discussões ou qualquer coisa intencional da minha parte que arrancarei de ti aquilo que mais quero: teu amor louco, integral e sincero.


Acabei me tornando o que não queria. Acabei me desencontrando daquilo que me fazia mais poesia e menos prosa. Fiquei, numa busca frustrante, tentando encontrar a parte de mim carregada daquela boa e velha percepção artística apurada. Meus versos sempre nasceram de amores perdidos, apertados, de pessoas que foram pra longe... Da vida que pareceu-me amarga. Meu eu-lírico gosta de solidão... venho tentando procurá-lo e não o encontro. Acho que a completude de ter-te ao meu lado deve ter o escondido em algum lugar. Percebo, enfim, que os momentos em que me sinto só são os que me arrancam as mais belas e grandiosas palavras. Hoje, porém, amo. Sorrio mais do que sinto dor e, assim, escapa-me menos poesia e mais sentimento. A emoção sobrepõe-se a qualquer outra coisa, e eu, por demais fascinada, perco meus olhares entre o mundo e meu amor.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

do olhar e da alma



Olho pra trás tentando encontrar semelhanças entre olhares antigos e olhares presentes. Parece-me que não muda. Olhares possuem uma certa característica sublime e essencial, imune às forças do tempo. Como se, em algum lugar em cada olhar, a essencia e a alma de cada ser repousasse para sempre.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

sorriso e chuva

A chuva avisou que viria, e apenas seu aviso bastou para que eu visse um meio sorriso nos rostos de todos à minha volta.





(Pra mim, a chuva é especial em vários sentidos. É deliciosa de sentir e ouvir. Ela lava, leva.. renova. 
E o meu meio-sorriso esboçado no rosto somado ao que eu dava por dentro seriam suficientes para compartilhar sorrisos com o mundo inteiro.)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

da qestão de qualquer coisa

De repente 
uma incompletude literária e emocional a completou por completo. 

(Já eu... Bom, tornei-me narradora onipresente. Sempre fui. Porém, quem dera ser onipresente de alma e inconsciência, e não só de pensamentos...)

Sempre teve uma fixação por janelas 
e tudo o que elas lhe mostravam. 
Na casa antiga podia ver a lua, podia sentir o céu e o vento.

Já na nova sentia falta dos momentos debruçados no parapeito. 
Saiu pra procurar o que contemplar; 
Olhou pra lua que não podia ver mais.
Sentiu o vento que não passava 
e observou o céu inerte, escondido por detrás dos prédios.

Sentiu falta.

Não encontrou a leveza, a paz 
ou a sensação de que o universo todinho estava lá pra ela.
Encontrou apenas resistência e angústia. 
Encontrou desespero traduzido em lágrimas. 
Lágrimas convertidas no desconhecido,
personificadas em alguém que não era.

A questão da vez é a seguinte: como sentir-se viva em meio a tantas fórmulas, teorias, orgânicas, planos cartesianos, alcenos, transitivos, 
polímeros, metanos, pretéritos, nietzsches, platões, idéias...
onde guardar aquele pouquinho quase intangível da sua essência?

Como manter-se sã diante de convivências tão difíceis?
E as palavras? E a poesia?

Onde recuperar a tranquilidade das janelas?

Fechou os olhos.
E sentiu.
Sentiu a frieza do chão nos pés e o calor da pulsação nas mãos. 

Veio a chuva.
O calor e o cheiro da chuva.
E então ela pôde sentir o universo novamente.