segunda-feira, 28 de setembro de 2009

das incertezas que você me passava

 O paradoxo se torna cada vez mais palpável e o jogo de olhares e palavras, cada qual com mil significados, mais intensos e frequentes. Isso me mata por dentro. Quando estamos perto já não sei se o reconheço, é como se ele fosse dois seres completamente distintos, um em lembrança, outro em presença. Olho, não sei se ele é aquele com quem cruzo olhares furtivos, não sei se é quem  assombra-me em todo sonho ou música que escuto. Talvez seja tudo isso bem junto. Ele em lembrança é apenas carinho, sinto uma paz paralizante, como se só restasse memória e sentido.
 É terrível lembrar dos nossos poucos momentos juntos de verdade, cada qual mais intenso que o outro. É terrível pensar em todas as palavras ditas, em todo o silêncio consentido e em todo o calor que confundíamos. É terrível porque a incerteza machuca. Agora eu sinto frio, o silêncio é cortante e as palavras são silêncio. Lembranças caem no esquecimento, ofuscadas pelo ar de frutração que fica a cada dia.

sábado, 26 de setembro de 2009

Da Questão de Querer Viver de Arte



A vida pela Arte foi negativamente estereotipada por aqueles que, por não tentarem, fracassaram. E também - infelizmente - por aqueles que, por falta de sorte ou algo parecido, não alcançaram seus objetivos. Assim, resta-me coragem para apostar tudo no que eu acredito e gosto. Fico eu com a alma e o coração transbordando de vontade artística numa dúvida cruel se devo ou não seguir adiante com tal proeza. 


É muito diferente falar sobre algo antes de vivê-lo. Assim como é muito fácil falar de Arte diante de tantos ideais, diante de tanta paixão. Difícil mesmo é depois sentir na pele a desvalorização que a Arte sofre diante de grande parte da sociedade.


Por fim, mesmo com tamanha dúvida, acredito que se eu levar adiante meus ideais, chegarei lá. Certas escolhas pedem mais coragem que amor. Assim, para aqueles que diante da Arte sentem a alma vibrar e, diante da Sociedade sentem a vontade de levá-la consigo reprimida, é preciso Força. Dúvidas sempre aparecerão, o que conta é guiar-se com Lucidez e Consciência para não nos esquecermos de que o importante é viver feliz, sem abdicarmos de nossa Essência e cientes de que esforços serão sempre necessários. Afinal, felicidade deve ser, no fim, sentir-se satisfeito por ter cultivado a Poesia dentro de si, o que quer que isso signifique e independente de como tenha acontecido.





Da Questão de Ser



Minhas oscilações internas 
anulam qualquer verso, ideia ou oração exatos que possam descrever-me. 
Sei que não sou poeta que canta conhecimentos vastos da própria alma, 
nem um tolo que cala a alienação da própria consciência. 
Sou apenas mais um Humano curioso e em busca de si. 
Meu vocabulário se restringe ao que desconheço,
se é que poderia conhecer ou expandir. 
Experimento, assim, a insuficiência de palavras e ideias 
como quem contempla a própria alma 
sem ao mínimo compreendê-la.