quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Harpa Mágica, O Poeta, A Cigana e As paixões e Desilusões No Mundo Mágico do Lugar-Comum

(Parte II - O Poeta)
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Há não muito tempo atrás, nessa mesma galáxia, ou melhor e talvez, no mesmo planeta em que vivemos, havia um poeta. Sim, um poeta ainda muito jovem, mas cujos versos falavam das dores, alegrias e proezas de uma longa vida; a qual foi ainda mais intensa do que longa. O jovem vagava pelo seu reino encantando quem quer que fosse. Muitos o chamavam de visionário. Muitos, de rebelde e alguns simplesmente, de artista. Outros não ousavam decifrá-lo ou descrevê-lo, limitá-lo ou definí-lo, simplesmente o contemplavam, curiosos. Fato é que, mesmo os mais receosos aderiram ao menos a um dizer, a uma frase ou a alguma rima do jovem. Mesmos os mais desconfiados sucumbiram, no mínimo, a um gesto que emanara dele. Era simples, porém muito rico em virtudes; era humilde e modesto, e muito, muito belo. Era envolto numa beleza inconcebível por muitos, que se estendia ao longo de toda sua existência e plenitude como ser; era belo no corpo, na alma, no espírito, com as palavras e pela sua sabedoria. Era dono de um olhar doce, pouco visto por aquelas terras, um olhar doce, profundo e reconfortante. Possuía um abraço que muitos dariam o mundo apenas para estarem envoltos em tal.

O jovem poeta tinha uma simples função em seu reino, função cujo único objetivo era amenizar a realidade de todos com seus versos, poemas e sábios dizeres. Vagava por aquelas terras distribuindo-os a quem quer que fosse. Existem duas principais teorias acerca desse fator. A primeira que surgiu foi a linha dos que acreditam que o seu interesse era deixar as pessoas mais acomodadas, proporcionando conforto e anestesiamento da diante da vida em troca de ouro e proteção do Rei. Eles acreditam que o Rei e o poeta compartilhavam de uma relação de troca de favores que se estendeu até o fatídico dia da chegada dos ciganos àquelas calmas terras - dia que, daqui algumas linhas, uma caneca de café e talvez uma ida à janela pra ver se vai chover, relatarei. Há uma teoria curiosa que diz que a única vaidade do poeta era a de ser único, curinga. Vaidade de ser diferente, de se destacar dos demais por conseguir ver além e por isso, com seus versos e falso altruísmo, mantinha o restante da população imersa na própria ignorância. A outra linha principal de pensamento, na qual eu acredito, diga-se de passagem, diz que a sua única vontade era despertar sua cidade do entorpecimento crônico do qual sofria; gostaria que, diante de sua arte, ela, sua cidade, finalmente pudesse acordar para o mundo e apreciá-lo como deve ser. E ainda mais! Com mensagens de compaixão e amor incondicional, ele esperava que as pessoas entendessem tais valores e os praticasse. Mas... né, pobre do poeta se ele visse o mundo como é hoje. Se ele concebesse que alguns anos após a sua partida, tal doença se estenderia, e que a população que ele tanto cuidara, cresceria exponencialmente, extendendo-se ao longo de todo o Planeta; e mais pobre ainda dele se compreendesse o que é a vastidão do Planeta e o que são pessoas ao longo de todo ele sofrendo da mesma contemporânea ignorância.
Pois bem, meu bem, me desculpe, tentarei focar novamente nas aventuras do nosso artista.

O jovem conheceu várias moças ao longo de suas andanças, escreveu crônicas e poemas para todas elas como forma de confortá-las, de mostrar a elas que ainda existia um cavalheiro que as apressiasse pelas suas boas almas. Era cobiçado por elas, principalmente as da alta sociedade - que encontravam nele uma liberdade e fluência muito contrastantes com suas realidades de aparências, cházinhos da tarde e sorriso amarelo. Porém, nenhuma delas na verdade o interessava, mesmo que ainda se contentasse com a facilidade que tinha pra ver beleza e virtude na simples existência, na essência mais básica dela. Havia um detalhe, imerso em toda sua sabedoria e sensibilidade. Havia uma paixão encravada em seu coração, algo que ele nunca se perdoaria se não realizasse antes de deixar o plano material de sua existência. Que consumia os seus sonhos e transbordava de sua alma, algo que ele nunca havia compartilhado com ninguém mas que, na realidade, era a finalidade de toda a sua existência. Era um amante assíduo de todas as artes, e uma simplesmente o fascinava mais que tudo o que havia conhecido até então: a Música.

3 comentários:

  1. e cade a terceira parte?
    aguardo com ansiedade para a continuação dessa história.
    sensacional manu. simplesmente sensacional.
    heey, quando eu crescer, quero ser igual a vc! heiuehiuehe
    :*

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  2. você me surpreende, manuela

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  3. Calma... essa criação não é completamente minha..

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