domingo, 13 de junho de 2010

paradoxo

Tá bom, eu quero escrever, pensei.
Mas a simplicidade com que essa minha vontade se transformaria em verbo, se foi. E no lugar dela ficou um emaranhado dialético de falsos valores, dilemas e desencontros internos. As palavras que insistiam em se calarem, voltaram ao coração e depois foram direto às mãos, onde se deixaram, finalmente, serem escritas (horrivelmente, ou melhor, rapida e levianemente escritas):


Eu disse a mim mesma que não iria retribuir-lhe as palavras. Mas eu vou, balbuciei. De impulso, minhas mãos fizeram o movimento decisivo quase que involuntariamente. E eu fui. Puts, olha esse céu, e  que acaso mais bonito é o universo e a vida, juntos assim! Olha você aqui do meu lado e olha minha consciência pesando lá longe! Tá vendo? Eu que já embolava a ordem das palavras - e estas que extrapolavam sempre menos concisas do que antes - não sei como ordená-las a fim de justificar que te quero, mas não que não vou sucumbir às tuas investidas. Prezo tantas outras coisas... o que está para acontecer me parece tão vazio, tão distante de mim, sinto-me volúvel. Não consigo interpretar claramente isso tudo. E esse seu calor me prende tanto! Meu emocional, o vejo lá longe nas luzes da cidade, intacto, tranquilo. Não o deixarei vulnerável, não essa noite. Mas minha razão sim, e ela se mescla na minha vontade. Nelas, confundi-me a ponto de igualmente trocar a ordem dos tais valores morais que me martelam a cabeça inutilmente, consciente de que esses iriam sim alterar o nível do produto. Fato que não me importou, pois o momento apontava para nós... E não foi minha consciência que chegou a essa conclusão, nem meus pensamentos que me levaram a ela. Foi o instante. Foi o toque humano, a carne... o frio, a vontade, a curiosidade. E sim, no fundo e no fim das contas a gente se teve.

E minha consciência continua a se perguntar se segredos são assim chamados por um simples capricho de diferenciação da língua portuguesa - ou se essa palavra deveras carrega em seu significado a proeza de não ser digna de nota ou julgamento. Pois tal segredo que compartilho contigo seria de todo mal interpretado se não fosse calado por agora. Mas, enquanto quietinho na sua memória e na minha, pesa quase nada, traduz apenas a vontade de dois seres de trocarem um quanto mais de suor, de se comprimirem e afogarem mais alguns beijos nuns goles de vinho.

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