sexta-feira, 6 de novembro de 2009

da qestão de qualquer coisa

De repente 
uma incompletude literária e emocional a completou por completo. 

(Já eu... Bom, tornei-me narradora onipresente. Sempre fui. Porém, quem dera ser onipresente de alma e inconsciência, e não só de pensamentos...)

Sempre teve uma fixação por janelas 
e tudo o que elas lhe mostravam. 
Na casa antiga podia ver a lua, podia sentir o céu e o vento.

Já na nova sentia falta dos momentos debruçados no parapeito. 
Saiu pra procurar o que contemplar; 
Olhou pra lua que não podia ver mais.
Sentiu o vento que não passava 
e observou o céu inerte, escondido por detrás dos prédios.

Sentiu falta.

Não encontrou a leveza, a paz 
ou a sensação de que o universo todinho estava lá pra ela.
Encontrou apenas resistência e angústia. 
Encontrou desespero traduzido em lágrimas. 
Lágrimas convertidas no desconhecido,
personificadas em alguém que não era.

A questão da vez é a seguinte: como sentir-se viva em meio a tantas fórmulas, teorias, orgânicas, planos cartesianos, alcenos, transitivos, 
polímeros, metanos, pretéritos, nietzsches, platões, idéias...
onde guardar aquele pouquinho quase intangível da sua essência?

Como manter-se sã diante de convivências tão difíceis?
E as palavras? E a poesia?

Onde recuperar a tranquilidade das janelas?

Fechou os olhos.
E sentiu.
Sentiu a frieza do chão nos pés e o calor da pulsação nas mãos. 

Veio a chuva.
O calor e o cheiro da chuva.
E então ela pôde sentir o universo novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário