De repente
uma incompletude literária e emocional a completou por completo.
(Já eu... Bom, tornei-me narradora onipresente. Sempre fui. Porém, quem dera ser onipresente de alma e inconsciência, e não só de pensamentos...)
Sempre teve uma fixação por janelas
e tudo o que elas lhe mostravam.
Na casa antiga podia ver a lua, podia sentir o céu e o vento.
Já na nova sentia falta dos momentos debruçados no parapeito.
Saiu pra procurar o que contemplar;
Olhou pra lua que não podia ver mais.
Sentiu o vento que não passava
e observou o céu inerte, escondido por detrás dos prédios.
Sentiu falta.
Não encontrou a leveza, a paz
ou a sensação de que o universo todinho estava lá pra ela.
Encontrou apenas resistência e angústia.
Encontrou desespero traduzido em lágrimas.
Lágrimas convertidas no desconhecido,
personificadas em alguém que não era.
A questão da vez é a seguinte: como sentir-se viva em meio a tantas fórmulas, teorias, orgânicas, planos cartesianos, alcenos, transitivos,
polímeros, metanos, pretéritos, nietzsches, platões, idéias...
onde guardar aquele pouquinho quase intangível da sua essência?
Como manter-se sã diante de convivências tão difíceis?
E as palavras? E a poesia?
Onde recuperar a tranquilidade das janelas?
Fechou os olhos.
E sentiu.
Sentiu a frieza do chão nos pés e o calor da pulsação nas mãos.
Veio a chuva.
O calor e o cheiro da chuva.
E então ela pôde sentir o universo novamente.
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