segunda-feira, 28 de setembro de 2009

das incertezas que você me passava

 O paradoxo se torna cada vez mais palpável e o jogo de olhares e palavras, cada qual com mil significados, mais intensos e frequentes. Isso me mata por dentro. Quando estamos perto já não sei se o reconheço, é como se ele fosse dois seres completamente distintos, um em lembrança, outro em presença. Olho, não sei se ele é aquele com quem cruzo olhares furtivos, não sei se é quem  assombra-me em todo sonho ou música que escuto. Talvez seja tudo isso bem junto. Ele em lembrança é apenas carinho, sinto uma paz paralizante, como se só restasse memória e sentido.
 É terrível lembrar dos nossos poucos momentos juntos de verdade, cada qual mais intenso que o outro. É terrível pensar em todas as palavras ditas, em todo o silêncio consentido e em todo o calor que confundíamos. É terrível porque a incerteza machuca. Agora eu sinto frio, o silêncio é cortante e as palavras são silêncio. Lembranças caem no esquecimento, ofuscadas pelo ar de frutração que fica a cada dia.

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