segunda-feira, 7 de março de 2011


Sabe?

  É carnaval, todo mundo bem sabe. Muitos igualmente bem sabem dessas angústias de ficar quieto em pleno carnaval, em casa, sozinho. Alheio às marchinhas, festas temáticas, foliões, essas coisas todas, essas festividades que ora fogem às tradicionais, ora não.
   É segunda-feira dessas incrustadas exatamente no meio do carnaval. É humanidade que não pára dentro de mim, é parede que não acaba pra cada lado que olho em pleno carnaval, em pleno planalto central, é, é Brasil e chove lá fora; é carvanaval e chove em mim humanidades mil, chove tudo menos chuva e confete, serpentina. Não é frio nem chuva, nem abraço, nem aperto, é só o meu colchão que me tateia as costas, a bunda, as pernas; o lençol que me acalenta todo o resto. O travesseiro que descansa a mente, uma música tranqüila que esquenta por dentro. Meus pés não resistem a asfalto algum, não marcham incisivos em direção ao chão, e palavras não se dirigem, gritadas, a ninguém, elas calam e personificam-se apenas em escrita. Estou tão só. Tem cinco filmes em cima da mesa, alugados, bons filmes. Tem uma TV há poucos passos, uma Sapucaí, de circo, de pão, de espetáculo, demonstrando toda indústria e beleza e investimento que é esse grande carnaval brasileiro. Mas nem os filmes, nem as escolas de samba; me sinto tão bem e completa em minha silenciosa e pacífica solidão. Pensei que fosse pirar, angústia tal que passou , rapidinha, ligeira e gradativa à medida que aquietando-se foi o meu coração. É que em pleno carnaval minha vida se deu por viva demais e veio me cobrar satisfações sobre o que é exatamente isso que ando fazendo dela e de mim dentro dela. Eu preciso criar, respondi, desculpa, dei-me conta tanto depois.. Ela respondeu, ela disse, vai, se joga, atravessa que a vida é tua e diante da idade do céu a existência é pequena e a importância é enorme
o referencial será sempre o teu, então
Vai.

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