sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Armário

e dessa vez não mais nos veríamos
e dessa, e nesses dias seguintes, como todas as últimas vezes, mal lembraríamos um do outro
poisé, assim mesmo
sem mais
sem menos
nem o pretexto de trocar os casacos serviria
e teu casaco e aqueles beijos cairiam no esquecimento em algum lugar do meu armário muito mais profundo que o próprio espaço físico dele é capaz de comportar... assim mesmo, distante assim mesmo
distante e profundo, bem longe de mim,
nos dissipariamos
e talvez até trocassemos os casacos, eu te devolveria o calor que me emprestaste naquela noite fria
naquela noite que o teu próprio calor me foi insuficiente
mas ah, que nada, que vontade de você que nada,
pega isso aqui e bom, tchau
pois amanhã, depois, me perderei de novo em algum braço qualquer
e trocarei casacos mais, quaisquer, casacos de alguéns,
cheios de perfume mas que desprenderão da minha memória em qualquer brisa que for
e os esquecerei novamente,
em algum lugar ainda mais profundo que a própria ideia de profundidade do meu razo e cheio armário é capaz de suportar

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