terça-feira, 23 de março de 2010

Sobre 'A Sombra do Vento', Carlos Ruiz Zafón

Deito para ler mais um livro... O vento frio que entra pela janela se entrelaça com o morno e aveludado de dentro do meu quarto. E os dois, revezadamente, acariciam minha pele enquanto me atrevo a entrar num mundo que não me pertence, onde posso caminhar sob a Sombra do Vento. Onde livros são esquecidos e pessoas morrem antes mesmo que aquele corpo que as pertence sucumba à ira do tempo. Onde vizualizo não mais uma Barcelona de Gaudí, mas uma Barcelona imersa em trevas, sombras e mistério. Há prisões piores que as palavras, mas estas apenas surgem em minha imaginação e logo se dissolvem na próxima página. Meu envolvimento cresce proporcionalmente às páginas do livro. É como evadir-me num canto de uma memória em um tempo e lugar que não são meus. Me invade uma sensação indecifrável e, entre todas suas complexidades, adivinho um sentimento fúnebre, tal qual as palavras do livro. É como olhar fotos antigas, invadindo memórias e imagens alheias de tempos distantes. É ver o preto e branco surrado de uma fotografia de seus antepassados e pensar no que foi, no que já não é, no que já morreu. Zafón compensa sensações esquisitas com sua poesia e enorme capacidade literária. (O cara é um gênio e eu amo ele.)

(13/04/2009)

(E eu, puta que pariu, continuo com meus fluxos aleatórios de pensamentos)

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